19.4.06

Em Lume Branco

A Península Antárctica desintegra-se e o Artico afunda-se A história conta-se depressa e não tem um final feliz. Se a temperatura do ar aumentar três graus em relação à era pré-industrial, o Árctico derrete, bem como os gelos da Gronelândia e do Canadá, estes assentes sobre plataformas continentais, provocando um dilúvio planetário. Em vez de sete metros, a elevação do nível do mar poderá atingir os 10, com o degelo da Antárctica. Traçar cenários apocalípticos assim é falar de um quadro para as próximas centenas de anos. Mas o Árctico já está a derreter, ferido de morte por um aumento de temperatura maior do que em qualquer lugar do globo. No Alasca e Oeste do Canadá, o aquecimento foi de 3 a 4 graus na última metade do século XX. O coberto branco diminuiu 10% nos passados 30 anos e aumentou a precipitação em forma de chuva. Os gelos marítimos sofreram um declínio de cerca de 20% e, na Gronelândia, os mantos gelados desaparecem a um ritmo recorde. O mesmo se passa com os glaciares. O Pólo Norte, como o conhecemos dos livros, corre perigo de extinção. E sem ele, a suavizar os efeitos do calor do Sol, o ar aquecerá ainda mais no mundo inteiro. Mas outras bombas-relógio climáticas se libertam sob o manto branco dos pólos. Se o permafrost, designação para os solos gelados que abrigam 14% das reservas mundiais de carbono, derreter, quantidades colossais de metano e de dióxido de carbono serão soltos para a atmosfera, agravando o problema do efeito de estufa. «E a área com permafrost está a recuar», avisa Gonçalo Vieira, geólogo, membro de uma associação internacional que estuda o fenómeno. Analisando bolhas de ar «aprisionadas» no subsolo gelado da Antárctida, os cientistas chegaram a uma perturbante conclusão: a concentração de dióxido de carbono na atmosfera é hoje 27% mais alta do que o máximo registado nos últimos 650 mil anos. No extremo sul do mundo, as consequências do aquecimento global não são, para já, tão gravosas como no topo do planeta, embora a temperatura tenha aumentado 2,5 graus na península antárctica, nos últimos 50 anos. E em 2002 ocorreu o colapso da plataforma Larsen B – 3 250 quilómetros quadrados, um total de 500 mil milhões de quilos de gelo desintegraram-se em menos de um mês. in visão 674

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